Alexisandros

quarta-feira, junho 28, 2006

"ensinamentos"

Já consegui escrever três textos sem que nenhum deles falasse directamente da minha relação.
Mas todos eles são escritos com uma maturidade que advém do meu profundo desgosto com a vida, que tem-me vindo cada vez mais aberto os olhos, por mais não sejam os dias que se sucedem aos “adeus”...

Nesses dias que vem depois do fim, são vividos como um inicio.
Inicio que não é pedido mas que parece que a vida os reserva para mim cada vez mais duros, mas também mais enriquecedores.

Será que eu só inicio, para ter o inicio depois do fim do primeiro inicio ?
Bem se assim fosse eu seria uma pessoa super interessante, super lúcida e de valor inestimável.

Querer aprender com a vida, tendo por preço as tristezas e frustrações que advêm de não “resultar” é uma atitude admirável, do meu ingénuo ponto de vista...
Mas com toda a certeza penso que nenhum ser humano o deve fazer, e se chegou a essa conclusão, ou no meu caso hipótese utópica, de forma completamente lúcida e consciente não será um humano, será sim Deus, aquele que tudo enfrente e o Tudo é sinónimo do seu nome.

Fingir felicidade para se aprender com a tristeza, não resulta.
Este estado de adormecimento só é resultado de uma verdadeira e real felicidade, seguida de uma estrondosa opacidade e tristeza.

Não creio que Deus exista então.
Não por estes motivos, porque o Tudo existe. Pois eu tenho a noção do nada e do pouco.

Hoje é dia 27 de Junho de 2006.

Estamos a escassos dias para a abertura do café da minha mãe, tia, avó... todos...
Será através dele que iremos experênciar a vida, comer, sonhas e chorar.

Eu contudo, desta vez estou no barco, mas não completamente dentro.
Vou e venho,
Os meus sonhos, experiências, choros, revoltas e sorrisos vêm de outro sitio.

Será que estou a criar o meu espaço, ou estou a ser privado dele?

O meu trabalho deveria ser estudar, usar a capa negra de estudante que tanto orgulho senti quando comprei, mas que tanto demérito agora enverga, escondida no armário, sem insígnias, deixada ao relento de um armário empoeirado.

A minha relação com o mundo académico foi desde tenra idade fomentada pela aparência.
“xano, olha que sem curso não vais longe”
“xano, és tão inteligente! Vais ser o primeiro da família a entrar numa universidade”
“xano, não percas mais o comboio, estás a ficar para trás, estamos todos a espera de mais”

no meio disto tudo sei perfeitamente que não sou burro, ou será que sou ?!
bem, o que interessa é que desde cedo me disseram das mais variadas formas que tinha de ir para a faculdade.
Mas nunca da forma adequada.
“xano, na faculdade vais encontrar tudo o que procuras, amizades, o mundo, sucesso”
“xano, na faculdade trabalha-se arduamente para ser-se alguém na vida, é lá que se cresce”.

Pronto entrei na faculdade, e estou a dois anos a fazer o primeiro ano.
Inúmeros precauses pelo caminho, inúmeros anos repetidos, sempre fiz em dois o que os outros faziam em um. Nem por isso sou um ganhador, pelo contrario, sou um perdedor, porque o lutador fá-lo num espirito de sacrifício e de empenhamento, eu fiz esses duplos anos numa molenguiçe, sem objectivos definidos, sem prioridade estabelecida...

Enfim tanto puderia argumentar quer para justificar os atrasos, quer para os desprover de adjectivos de bom tom.

A verdade é que não vejo luz ao fundo do túnel,
E neste momento só me lembro que a primeira vez que usei a capa negra do mundo dos iluminados, foi no funeral, cremação e enterro do meu avô.
E da expressão dele, muito mal de saúde, no sofá, sorrindo com uma criança.
Orgulho? Felicidade? Não sei nunca disse. Não pudía.

uma noite "desligado" do mundo

Hoje sinto-me como uma protagonista de uma série muito famosa.
Desligado de qualquer monitor, e o único ligado é o que me serve de despejo do conhecimento e não como despejante.

Quem me dera chegar a ser como essa, embora não sabendo, é feliz, tem amigas que estão lá para tudo, cada uma no seu estilo ajudam-na e influenciam satisfazem as suas múltiplas necessidades, justiça, sexo, romantismo. E ela... o centro, a vida em si.

Essa protagonista vive a sua vida, e a das suas amigas. Mas é ela que protagoniza a vida que todos nós, humanos deste século isolador das multidões pretende ter.

Seria tão bom conhecer essa vida tão completa que todos nós ambicionamos, que outros anseiam, que outros sonham e que, infelizmente ou não, outros simplesmente desconhecem.

É uma vida completa, com todos os aspectos da vida preenchidos,
gritantemente vivos, resplandecentes de vivacidade.
Sítios onde ir, os mais variados, pois variada companhia, acompanha...
Uma fadada vida sem o parceiro ideal, mas
Uma ideal vida, com as companhias perfeitas.

Quem dera, a nós, mortais que não vivem na caixa dos sonhos,
viver a Vida da caixa dos Sonhos.

Pensamentos de uma Folga

Sentado no puff penso no quanto ando a perder.
Perder tempo, perder dinheiro, perder alma e sanidade,
Sim essas coisas perdem-se quando passamos um dia livre sozinhos e zangados com os escassos, nos poucos tempos, que nos rodeiam...

Parece incrível como é possível desperdiçar um dia inteiro.
Não fazer nada acarreta muita coisa,
Muitas coisas acontecem sem nada fazermos.

Como por exemplo, o genocídio no Ruanda, ou no Sudão..
Como por exemplo, choros amargos de uma esposa de militar
Como por exemplo, os abraços de famílias separadas por medos

Quem me dera escrever bem, com vontade.
Ouvi por ai que só se escreve bem sobre o que nos é realmente importante.
Para mim o que é realmente importante ainda não passa de uma nuvem de fumo cinzento, que oscila de brilho conforme a Lua e o Sol que por detrás dela se erguem e se deitam, na cama de doces ondas e se levantam, nas abruptas escarpas de uma montanha.

Sou confrontado com choques emocionais nesses quadrados espalhados pela casa.
A minha reacção são lagrimas, que no momento parecem mudar o mundo,
Mas no momento seguinte, tornam-se de crocodilo, quando as minhas acções não reflectem nada mais senão um mesmo oco ser humano que não lê, que não faz nada, que se vicia nos vícios da morte, esperando-a mais cedo mas temendo-a agreste, sonhando-a doce e inconsciente. Morte doce, belo sonho este, mais cobarde e irrealista.

Quer-me parecer que ainda não houve texto nenhum antes desde que fosse mais honesto e realista, sobre o eu que tanto me debruço para conhecer desde que falo.
Quem sabe seja desta, embora eu saiba que o não é,
Escrevo, tentando mais uma vez consciencializar-me e mais uma vã oportunidade que deitarei no lixo, sem direito a reciclagem, por o que acontecerá que surgirá mais uma oportunidade igualzinha, por irei a correr ao caixote buscá-la e desobrá-la feito uma folha de papel embrulhada.
Desembrulhando terei a mesma oportunidade, com um aspecto diferente.

Como cristão macabro irei novamente iludir-me inconscientemente da oportunidade única do raro momento de lucidez e irei ler e rescrever a mesma historia, mas desta vez com uma caneta diferente. Chorarei lagrimas de choque, de crocodilo, pensarei e mudarei, em teoria consciente, ate cair novamente no inconsciente da atitude gémea .

Vou ao café, esquecer-me de tudo, viciar-me um pouco mais no que me faz sofrer de insónias e por sua vez agunizador do pensamento, e agarrar-me um pouco mais a esperança esfumaçante de uma morte precoce...
Que rico dia de folga!

sexta-feira, junho 23, 2006

Estranha Calma na Caravela-Vida


Estranhamente calmo

Todos os meus dias são vividos com uma calmía bucólica
Melancolia ausente, estranha alegria.

Fazer o necessário,
Sonhar o ideal
Conviver com a sobrevivência austera da simplicidade.

Contenções, restrições
Vida do dia-a-dia que se muda
Num silencio mudo.

Sonoridade, surda
Nesses dias que vêm e vão
Como as caravelas um dia foram.

A minha passou,
Não voltou
Espero no cais por ela
Vida “Caravela”

terça-feira, junho 20, 2006

Estou depressivo


Ando numa fase complicada da vida

por favor nao venham destabilizar ainda mais.

Uma vez que ando com a cabeça tresloucada,
nao provoquem... podem ter resposta ....

sábado, junho 17, 2006

A Inutilidade dos crescidos

Porque é que um miúdo tenta esticar-se ao máximo para alcançar o brinquedo lá na prateleira de cima, e não pede ?

Porque é que o Adulto que assiste a cena, pergunta a criança porque é que ela não cresceu o suficiente para alcançar o brinquedo sem ajuda ?

Porque é que o Adulto dá uma tese sobre crescimento ao miúdo?
Será que julga que o miúdo ao aprender como se cresce, vai conseguir alcançar o brinquedo naquele momento?

Porque é que será que o miúdo ficou foi irritado com o Adulto e não com quem lá pôs o brinquedo ?

O miúdo não chega ao brinquedo.
O Adulto vai-se embora irritado porque o miudo nao lhe deu resposta

Se teses sobre o crescimento fizessem crescer...

assinado : o miudo

terça-feira, junho 06, 2006

Sem luz, só serei negro

Tento pensar, tento conhecer,
descobrir as mudanças...
tento...
porque a escuridao da noite é demasiada...

tento escrever, tento sentir...
emoçao do "ergue-te e segue teu caminho..."
mas nao consigo.

estou preso no pantano negro
odioso ser que me segue como sombra

tudo esta enublado,
sem luz, só consigo ser negro . . .

O Depois, é uma ressaca

A tristeza é tão profunda
A alma fica cega nas palavras
E ensurdecida nos sentidos

A alma sofre negra,
No corpo radioso, sorridente.

Tristeza profunda,
Os nervos turvam-me a vista
O tabaco palpita-me o coração
O álcool é, constante, companheiro

Alma que chora,
Num corpo que sorri,
Intoxicado.

O depois, é
sempre, uma ressaca

sexta-feira, junho 02, 2006

A criatura humana

Odeio-me

Raiva profunda

Nojo entranhado

Revolta incendiada

Tristeza negra

Indignação ultrajante!

Eu que nada fiz, enquanto, tudo, o perdia...

do completo ao vazio, em dias .

doi perder tudo

...aquele

...as coisas

...os outros

e principalmente, doi perder-me sozinho...

" - Coragem ? Onde andas ?! "

Onde andas coragem ?

Sentimentos negros,
Molhados de lagrimas


Chegou a solidão !

Um sofá, sem gente.
Um café, só...


Tristeza !

Que sinto medo , solidão!
Sentimentos que nunca me habituo, mas que já conheço tão bem!

Solidao

Marinheiro que procura no horizonte um ponto de referencia
Não encontra,
Medroso do silencio,
medroso da ausência

Assim estou, só comigo.
Marinheiro no mar vasto...

Fé no passado recente.
Futuro que assusta, descobrir-te-ei !

E no mundo antigo, fica a colónia
Recheada de historia, de referencias.
De amor, de futuro...

Chegarei no novo mundo,
Com lembranças do antigo.

Lagrimas de saudade,
nesta língua do fado.

Um barco, uma alma, um mundo
Doi, porque já fiz esta viajem acompanhado.

Solidao de marinheiro em mar-alto
Aventuras, medos, vitorias,
Agora feitas sozinho.


on-line a bisbilhotar