Alexisandros

quarta-feira, junho 28, 2006

Pensamentos de uma Folga

Sentado no puff penso no quanto ando a perder.
Perder tempo, perder dinheiro, perder alma e sanidade,
Sim essas coisas perdem-se quando passamos um dia livre sozinhos e zangados com os escassos, nos poucos tempos, que nos rodeiam...

Parece incrível como é possível desperdiçar um dia inteiro.
Não fazer nada acarreta muita coisa,
Muitas coisas acontecem sem nada fazermos.

Como por exemplo, o genocídio no Ruanda, ou no Sudão..
Como por exemplo, choros amargos de uma esposa de militar
Como por exemplo, os abraços de famílias separadas por medos

Quem me dera escrever bem, com vontade.
Ouvi por ai que só se escreve bem sobre o que nos é realmente importante.
Para mim o que é realmente importante ainda não passa de uma nuvem de fumo cinzento, que oscila de brilho conforme a Lua e o Sol que por detrás dela se erguem e se deitam, na cama de doces ondas e se levantam, nas abruptas escarpas de uma montanha.

Sou confrontado com choques emocionais nesses quadrados espalhados pela casa.
A minha reacção são lagrimas, que no momento parecem mudar o mundo,
Mas no momento seguinte, tornam-se de crocodilo, quando as minhas acções não reflectem nada mais senão um mesmo oco ser humano que não lê, que não faz nada, que se vicia nos vícios da morte, esperando-a mais cedo mas temendo-a agreste, sonhando-a doce e inconsciente. Morte doce, belo sonho este, mais cobarde e irrealista.

Quer-me parecer que ainda não houve texto nenhum antes desde que fosse mais honesto e realista, sobre o eu que tanto me debruço para conhecer desde que falo.
Quem sabe seja desta, embora eu saiba que o não é,
Escrevo, tentando mais uma vez consciencializar-me e mais uma vã oportunidade que deitarei no lixo, sem direito a reciclagem, por o que acontecerá que surgirá mais uma oportunidade igualzinha, por irei a correr ao caixote buscá-la e desobrá-la feito uma folha de papel embrulhada.
Desembrulhando terei a mesma oportunidade, com um aspecto diferente.

Como cristão macabro irei novamente iludir-me inconscientemente da oportunidade única do raro momento de lucidez e irei ler e rescrever a mesma historia, mas desta vez com uma caneta diferente. Chorarei lagrimas de choque, de crocodilo, pensarei e mudarei, em teoria consciente, ate cair novamente no inconsciente da atitude gémea .

Vou ao café, esquecer-me de tudo, viciar-me um pouco mais no que me faz sofrer de insónias e por sua vez agunizador do pensamento, e agarrar-me um pouco mais a esperança esfumaçante de uma morte precoce...
Que rico dia de folga!


on-line a bisbilhotar