Alexisandros

quarta-feira, junho 28, 2006

Hoje é dia 27 de Junho de 2006.

Estamos a escassos dias para a abertura do café da minha mãe, tia, avó... todos...
Será através dele que iremos experênciar a vida, comer, sonhas e chorar.

Eu contudo, desta vez estou no barco, mas não completamente dentro.
Vou e venho,
Os meus sonhos, experiências, choros, revoltas e sorrisos vêm de outro sitio.

Será que estou a criar o meu espaço, ou estou a ser privado dele?

O meu trabalho deveria ser estudar, usar a capa negra de estudante que tanto orgulho senti quando comprei, mas que tanto demérito agora enverga, escondida no armário, sem insígnias, deixada ao relento de um armário empoeirado.

A minha relação com o mundo académico foi desde tenra idade fomentada pela aparência.
“xano, olha que sem curso não vais longe”
“xano, és tão inteligente! Vais ser o primeiro da família a entrar numa universidade”
“xano, não percas mais o comboio, estás a ficar para trás, estamos todos a espera de mais”

no meio disto tudo sei perfeitamente que não sou burro, ou será que sou ?!
bem, o que interessa é que desde cedo me disseram das mais variadas formas que tinha de ir para a faculdade.
Mas nunca da forma adequada.
“xano, na faculdade vais encontrar tudo o que procuras, amizades, o mundo, sucesso”
“xano, na faculdade trabalha-se arduamente para ser-se alguém na vida, é lá que se cresce”.

Pronto entrei na faculdade, e estou a dois anos a fazer o primeiro ano.
Inúmeros precauses pelo caminho, inúmeros anos repetidos, sempre fiz em dois o que os outros faziam em um. Nem por isso sou um ganhador, pelo contrario, sou um perdedor, porque o lutador fá-lo num espirito de sacrifício e de empenhamento, eu fiz esses duplos anos numa molenguiçe, sem objectivos definidos, sem prioridade estabelecida...

Enfim tanto puderia argumentar quer para justificar os atrasos, quer para os desprover de adjectivos de bom tom.

A verdade é que não vejo luz ao fundo do túnel,
E neste momento só me lembro que a primeira vez que usei a capa negra do mundo dos iluminados, foi no funeral, cremação e enterro do meu avô.
E da expressão dele, muito mal de saúde, no sofá, sorrindo com uma criança.
Orgulho? Felicidade? Não sei nunca disse. Não pudía.


on-line a bisbilhotar